No capítulo anterior...
Após quatro semanas Rosaura estava recuperada de sua crise emocional. Porém, não conseguia parar de pensar no jovem Leandro. Seu desespero aumentou quando o marido pediu que levasse uma pasta de documentos até a clínica. Iria rever o rapaz.
Capítulo 4
Quando chegaram na clínica, que ficava na rua Mostardeiro, Rosaura suava feito uma louca. Disse para João:
- Espere com o carro ligado, há de ser rápido...
Entrou. Seu coração procurava por Leandro, mas a razão tentava fugir da bela imagem do rapaz. No balcãozinho, no fundo da sala, estava a senhorita Nina. Ela sorriu ao ver a mulher chegando com a pasta, obviamente Dr. Abílio estava fazendo pressão na funcionária para saber sobre os documentos.
- Olá D. Rosaura... Que bom que a senhora veio... Eu estava aflita...
- Nada, nada... Acho que está tudo aí. – disse ela, embora nem adivinhasse o conteúdo da pasta.
Rosaura olhava para os lados, esperando ver Leandro, mas ele parecia não estar em lugar algum. Respirou aliviada, mas sentindo-se frustrada. Então, não conteve-se em perguntar:
- O rapaz aquele, o Leandro, se encontra?
- Hã?
Perguntou a secretária, não entendendo a razão daquela curiosidade.
Então, Rosaura contornou a gafe:
- É que eu queria agradecer por ter ajudado no dia em que passei mal. Só isso.
A outra riu de cantinho de boca, sardônica, e falou:
- Leandro saiu e ainda não chegou. Quer que eu deixe recado?
- Não queridinha, obrigada.
E saiu, entristecida por não rever o rapaz. “Mas o que estou fazendo?”. Foi então que, saindo na porta, avistou Leandro descendo da condução. Ele logo avistou Rosaura, linda como nunca, irresistível. Veio falar com ela:
- Oi... – disse ele.
Atordoada, ela não conseguiu emitir nenhum ruído, som, gemido, nada. Ele, então, voltou a falar, com uma objetividade que impressionou a mulher:
- Senti tua falta... Nessas últimas semanas só pensei em ti.
- Ma.... mas o q... mas que é isso? Como... como ousa? Sou uma senhora casada...
O sorriso de Leandro murchou feito uma flor seca. A expressão de tristeza que se formou em eu rosto transfigurado despertou pena em Rosaura. Ela disse, enquanto olhava para os lados, já não conseguindo mais ser dona de si mesma:
- Olha Leandro... eu não sei o que há, mas também não paro de pensar em ti!!
E saiu correndo, entrou no carro e foi para casa. Isso bastou para fazer de Leandro o homem mais feliz do mundo.
***
Naquele mesmo dia, ainda sob o efeito de sua confissão, sem julgar-se capaz de conseguir olhar para a cara do marido para o resto da vida, Rosaura voltou a sentir-se mal. Foi quando o telefone tocou, era Leandro.
- Que quer? Que quer? - Gemeu ela, baixinho, sabendo muito bem o que queria.
- Quero ver-te agora, ouviu? Agora.
- Mas... mas...
- Não quero nem saber. Me encontre daqui há trinta minutos.
Leandro falou o endereço uma única vez e desligou o telefone na cara de Rosaura, certo de que ela iria. Depois disso, Rosaura ficou uns cinco minutos com o telefone no ouvido, como se esperasse que aquilo fosse uma brincadeira. Colocou o aparelho de volta e foi ao banheiro vomitar de nervosa. Como ele podia impor as coisas daquela maneira? “Moleque, moleque!”, pensou ela. Mas já não podia negar o que sentia pelo rapaz. Então, escovou os dentes, maquiou-se, colocou suas duas gotas de Chanel n.º 5 e saiu, passando pela varanda. João, o motorista, viu-a saindo e perguntou:
- Vai sair, D. Rosaura? Preparo o carro rapidinho...
- Não – interpelou-o – Vou andando hoje. É perto.
Surpreso, João ainda teve tempo de pensar, enquanto a patroa passava pelo portão:
- Vagabunda...
Leia os capítulos anteriores
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Nenhum comentário:
Postar um comentário